Na dura poesia concreta de tuas esquinas...

1 mês longe do meu povo... mas já posso dizer que tô começando a pensar na ideia de chamar a terra da garoa de lar. Quase, ainda não.

Mas aprendi a gostar, como Caetano diz, "da dura poesia concreta de tuas esquinas".

São Paulo tem sua beleza. Peculiar, um lugar que um dia imaginei que nunca fosse morar. O caos. Achei que não iria me adaptar, morrer de estresse. Até surgir uma oportunidade concreta de quebrar meus preconceitos com a cidade e abrir meus horizontes pra um novo caminho que me sorria.

Enfim, aqui estou. Em Sampa. Que acolhe gente do mundo todo, de todas as tribos, raças, cores, credos. E olha... paguei a língua.

A saudade aperta, sinto falta de tanta coisa... de tanta gente. Achei que não fosse aguentar. Tive medo de não acontecer. Mas em 1 mês aconteceu tanto, conheci tanto, que nem passou tão devagar quanto eu achei que ia ser...

Acho que alguma coisa acontece no meu coração. Não é quando cruzo a Ipiranga com Avenida São João (essas ainda preciso conhecer), mas todos os dias, ao sair de casa, ao ver o novo mundo (nem tão cinza) à minha volta. E me surpreende, porque mesmo tão maculada,  tão fria, distante... tem o seu encanto. E tem sido palco da minha transformação. Onde eu tenho aprendido constantemente o quão pouco eu conheço da vida, o quanto eu ainda tenho para aprender e explorar. Quanto mais a gente remexe, mais São Paulo mistura e reinventa e apresenta um mundo novo de possibilidades.

"E quem vem de outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de realidade
Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso".

E até mesmo o cinza e tanto concreto carregam em si muita poesia. As ruas daqui falam, e eu respondo. E aos poucos vou me identificando cada vez mais com ela, deixando a insegurança para trás.

E assim como eu, tenho certeza que mais alguns novos baianos passeiam nessa garoa. E em Sampa... os novos baianos podem curtir numa boa. :)